A vida das mulheres afegãs foi o tema central da reportagem de capa da edição 562 da Revista Cidade Nova. Após a morte de uma jovem em fogo cruzado, diversos protestos nasceram na capital do país, Cabul, pedindo uma solução para o caso -alegava-se que o Taleban havia assassinado a jovem. Nas redes sociais, foram realizadas mobilizações para que outras mulheres não tivessem o mesmo fim que Anisa, morta enquanto prestava serviços voluntários.
No país que passou de promissor nos anos 60 a mais pobre do mundo atualmente, mais de 87% das mulheres já sofreram algum tipo de violência física, sexual ou psicológica, ou foram forçadas a se casar.
Mesmo após a queda do regime Taleban, a situação feminina no Afeganistão não melhorou significativamente. Um refugiado afegão, que por questões de segurança preferiu não se identificar, relatou à Cidade Nova que o tradicionalismo extremo, principalmente no tratamento com as mulheres, existe também fora do Taleban, devido à falta de informação sobre a sociedade, a religião e os direitos. Para ele, que viu seu pai ser morto pelo movimento extremista por pertencer à minoria xiita hazara, a educação é a solução para o fim da violência.
Além de refugiados afegãos, outros atores que estão na linha de frente no combate à violência no país foram ouvidos pela Cidade Nova, como o curador da Fundação do Rotary Internacional, Steve Brown. Também foram consultados pesquisadores da área, como Aureo de Toledo Gomes, doutor em ciência política e professor de relações internacionais, e o xeque sunita Armando Hussein Saleh, da comunidade islâmica de São Paulo.