Sabe aquele projeto que te envolve e toca o seu coração? Comigo isso aconteceu com o Leia Mulheres. Conheci esta iniciativa quando morava em Sertãozinho, no interior de São Paulo, e fui para o primeiro encontro sem nem ter lido o livro. A felicidade de encontrar um grupo para conversar sobre literatura foi muito maior do que o tempo que tinha para ler. Naquele longínquo período pré-covid eu estava envolvida em muitos projetos presenciais que demandavam bastante tempo e energia, então estava escolhendo as leituras a dedo.
A proposta do Leia é bem óbvia: ler mais mulheres. Pode parecer banal incentivar a leitura de livros de escritoras. Então, para entender a importância desta ideia, proponho um exercício bem simples: retire da prateleira todos os livros escritos por homens. Quantos sobraram? E qual a pilha maior: a de livros na prateleira ou fora dela? Não se convenceu?
Vamos para outro exercício: procure a lista de livros indicados por três escritores que você admira. Quantos foram escritos por mulheres? Pois é, a proporção nunca é igual e, muitas vezes, as mulheres nem são citadas. Coincidência? Eu acredito que não.
Vivemos em uma sociedade dominada por homens e na literatura não seria diferente. A presença masculina é mais valorizada e as mulheres acabam envoltas por estereótipos, especialmente aquele de produção literária “feminina”. É aqui que entra o Leia Mulheres, para mudar esta perspectiva e proporcionar a leitura de autoras de diferentes gêneros. Além disso, há um forte incentivo a buscar livros que fogem do eixo Sul-Sudeste. São tantas opções que nos cinco anos do Leia Mulheres de Sertãozinho só uma autora foi lida duas vezes.
Como nasceu o Leia Mulheres?
Em 2014, a escritora inglesa Joanna Walsh lançou a hashtag #readwomen2014 nas redes sociais. Era uma forma de dais mais visibilidade a livros escritos por mulheres, já que o mercado editorial ainda é muito restrito. A iniciativa despertou o interesse da paulistana Juliana Gomes, que, em 2015, convidou as amigas Juliana Leuenroth e Michelle Henriques para transformarem a ideia de Joanna Walsh em algo presencial em livrarias e espaços culturais de São Paulo.
O primeiro encontro do Leia Mulheres aconteceu em São Paulo no dia 24 de março de 2015 e o livro escolhido foi “A redoma de vidro”, de Sylvia Plath. Depois desse encontro, o clube de leitura se espalhou por outras cidades, a partir de mulheres que acreditavam na proposta de incentivar a leitura de autoras. No primeiro ano, já eram 30 clubes espalhados pelo Brasil. E, aos poucos, o projeto foi se aprimorando. Hoje já são 165 cidades que contam o Leia Mulheres.
Países das autoras lidas até agora
Brasil – 21 autoras lidas
EUA – 10 autoras lidas
Inglaterra – 3 autoras lidas
Nigéria – 2 autoras lidas
Jamaica – 2 autoras lidas
Paquistão – 1 autora lida
Irã – 1 autora lida
Cuba – 1 autora lida
Índia – 2 autoras lidas
Nova Zelândia – 1 autora lida
Chile – 1 autora lida
Suécia – 1 autora lida